História
O uso terapêutico do Arsénio data de 400 a.C. tendo sido utilizado pelo Hipócrates, Aristóteles, Dioscórides e Plínio, o Velho. Na Idade Média, foi o agente mais utilizado como veneno tendo-se mantido assim até ao início do século XX. Isto teve a ver com o seu aspeto inofensivo, insípido e sabor adocicado, podendo ser facilmente incorporado nos alimentos, consegue simular doença e está presente nos líquidos de embalsamamento, sendo que assim tornava-se impossível a detecção de envenamento [3].
Os camponeses austríacos alimentavam os seus cavalos com arsénio pois acreditavam que isso os tornava mais fortes com a vantagem de tornar o pêlo luzidio e o animal mais saudável [3].
O arsénio entrou no arsenal terapêutico por provocar necrose e erosão aquando da aplicação tópica, tendo sido desenvolvidas pastas contra o cancro para destruir tumores acessíveis. A sua fase dourada como agente terapêutico deu-se entre o final do século XIX e meados do século XX. OS compostos com arsénio eram utilizados no tratamento de dermatoses como psoríase, eczemas, acne, leishmaniose ou sífilis. Também utilizados como tónicos e fortificantes, tratamento da malária, asma, entre outras [3].
Em 1822 observou-se uma possível acção cancerígena quando foram detectadas neoplasias nas ancas do gado. Em 1885, White observou uma sequência psoríase-verruga-epitelioma em dois pacientes que fizeram tratamento com arsénio. Em 1888, Hutchinson relatou seis casos de cancro de pele em pacientes que foram medicados com arsénio [3].
O arsénio foi parar aos campos de guerra sob a forma de gás letal vesicante, lacrimejante e altamente irritante para os pulmões: Lewsite. Os pesquisadores britâncos temeram o uso daquele em massa na Segunda Guerra Mundial e desenvolveram o antídoto: BAL (British Anti-Lewsite) [3].
3. Gontijo, B. and F. Bettencourt, Arsénio – Uma revisão histórica. Anais Brasileiro Dermatologia, 2005. 80(1): p. 91-95.